sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Soneto do Condão

                                                                                                                                                                                                  

Me encanto, e junto a ti, torno-me um bravo,
E nunca sou contigo inconstante,
Seria, do contrário, um reles parvo
Que nunca se deu às lidas de amante.

Eu não quero dos teus olhos o cristal
E as luzes de lágrimas derramadas,
Porém recolho, do manso litoral,
Flores mais lindas na manhã timbradas.

Se são tristes, morena, as despedidas,
Que deixam o meu peito encarcerado,
E sofrendo de dor as destemidas

Orações que te fiz, quando a teu lado,
Meu penar lhes dá um toque de Midas:
De ouro puro é teu ser, tão adorado.

Francisco Settineri.

Soneto do Castelo Encantado

                                                                                                                                                          

Saber, enfim, que és terra prometida,
E que tens a paz de alma enamorada,
Torna tão mais fácil uma partida
Que anseia breve retorno à morada.

Eu faço de teu corpo o meu castelo
E parto, na noite, desassombrado,
Pois tenho, nos teus olhos, o mais belo
Farol de todo mar, o mais dourado.

A tua pele é coroada de rosas
E teus seios têm o cheiro do cravo.
Se minhas mãos te invadem, ardorosas,

É porque não sou mais que teu escravo.
Se tremem minhas pernas amorosas,
Me encanto, e junto a ti, torno-me um bravo.

Francisco Settineri.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Soneto do Retorno ao Porto

                                                                                                                                    


Se é que tens, no mundo, algum critério,
Traz a minha nave de volta ao porto,
E o meu corpo, de volta a teu império.
Se tu, que me esperavas semimorto,

Não te importas em dar-me um refrigério,
Vem, bela morena, que por um nada,
Sairei desse estado deletério.
Porque foste, pra mim, como uma fada,

A voar, seminua, pelos prados,
Dando às flores sempre uma nova vida,
Eu sei que fomos, ambos, bem-amados,

E a noite, a mais quente e divertida.
O que importa é cantar os nossos fados,
Saber, enfim, que és terra prometida.


Francisco Settineri.

Motivos

                                                                                                                                                                                                                          

Eu te amarei sem parar, porque em mim despertaste
Um amor adormecido, e ele se espelhou,
Infante, em teu olhar que sorriu.

E eram sonetos nonatos, que te escrevi,
E se demoraram em iluminar tua face, antes amarga.
Pois por ti surgiram meus versos mais tristes,
Que te envolveram em sonhos, mantos, véus e marfim.

E os meus dedos apenas roçaram tua alma,
Quando as asas da noite se curvaram,
Ao som da canção sem fim.

Porque tu regaste, na madrugada, os meus devaneios,
E o poema brotou na manhã, sulcado de mistério.
Porque eu te amei calado em cada palavra que dizias,
E em cada gesto que esperava, em vão, de ti.

Porque vieste a mim em um silêncio obscuro
E não quiseste entrar. Mas de mim não saíste.
Eu te amarei porque gritaste o meu nome no meio do nada.
E do nada acordei.

Francisco Settineri.

Soneto do Condenado


Prepara-se pra mim mais uma pena,
Ficar de meu amor bem mais distante,
Arder de amar não mais do que um instante,
Buscar, nesse teu mar, vela serena.

Enquanto não amaina essa vaidade
Que te afasta de mim, em outra cena,
Eu aguardo, enfim, com toda a saudade
E bendigo o Sol, que te fez morena.

O coração da mulher é mistério,
E porque traz consigo a indiferença
Pergunta-se o vão tolo, e bem a sério,

O mundo está longe do que ele pensa.
Espero, morena, logo a sentença,
Se é que tens, no mundo, algum critério.

Francisco Settineri.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Soneto de Sofrer de Amar



Em cada instante sou teu. Além disso,
É tua essa manhã que a mim retorna,
E encontra o céu e o mar a seu serviço.
Minha paixão não tem nada de morna,

Toma de quase nada a sua forma.
Eu já desprezo todos os emblemas,
Não faço de meus versos uma arma.
Se digo para ti: ó, não me temas!

Isso já tem a força de um poema.
Pois trago em minhas mãos, doce morena,
Os calos de quem desistiu da fama,

De homem que não teve alma pequena
E que o calor da noite bem inflama:
Prepara-se pra mim mais uma pena...

Francisco Settineri.

Soneto do Compromisso



De quem te amou tão triste, e tão primeiro
Vai sempre junto a dor mais derradeira
De se mostrar desnudo, só e herdeiro
De alma perdida, em vão e na poeira.

De outro modo, como, à lua vadia,
Mesmo com tuas mãos tomadas nas minhas,
Iria sofrer, em tua companhia,
Por noites sem mim, quando não as tinhas?

Porque desejar que tua vida inteira,
Em eterno e natural compromisso,
Fosse comigo, e não de outra maneira?

Mas não me faço do amor, insubmisso:
Essa vida é tão curta, e a paz ligeira,
Em cada instante sou teu, além disso.

Francisco Settineri.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Soneto da Estrela da Manhã



És límpida pra mim, novo horizonte,
Que nessa aurora já se fez presente,
E a estrela matinal torna radiante
O que, perdido em mim, era distante.

É quando, rente a ti, fico contente
De estarmos, lado a lado, em pleno cio
Ao nos jogarmos, como em desafio,
Em braços, gritos, pele, corpo e mente.

E foi ao encontrar em flor e dança,
Ao canto de minha voz em tom ligeiro,
Teu sorriso, morena, de criança,

Que o sol dessa manhã se fez parceiro.
Serás sempre retrato, na lembrança
De quem te amou tão triste, e tão primeiro.

Francisco Settineri.

Soneto do Amor Primeiro

                                                                                                                                                                          Seguir o coração até a demência
E amar-te sempre, mais, e a cada instante
Para jamais perder a inocência
De quem se fez, por ti, primeiro e amante.

É o que busco, morena, em tarde quente,
Ao não poder conter tamanha ânsia,
Por não encontrar aquilo que desmente
O véu sombrio e a tão cruel distância.

Habita em teu seio meu pensamento,
Teus olhos são pra mim divina ponte
Entre um viver que era todo um tormento,

Sem nunca mais beber da clara fonte,
E uma manhã tranqüila, sem lamento:
És límpida pra mim, novo horizonte.

Francisco Settineri.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Soneto do Amor Inclemente

                                                                                                                                                                                         
Eu sinto, em teu silêncio, o teu perfume,
E vejo, em tuas mãos, toda a tristeza
A brilhar em noite sem vagalume.
Queria te mostrar toda a beleza

Deste amor, no auge do seu momento.
Mas te furtas, e nessa tua ausência,
Resta dele apenas reminiscência.
A dor, que testemunha o sentimento,

A impedirei que se torne amargura.
Jamais me entregarei à indolência
De me deixar levar a essa tortura.

Pois enfrento a luta com a inclemência
De quem nunca se negou à bravura,
Seguir o coração até a demência!

Francisco Settineri.

Sonho bom



Quando sonhei que eras minha,
Nasceu um lírio encantado,
Pois o que vi a meu lado
Era o meu mundo, que tinha.

Teus beijos, na madrugada,
Deixavam-me enamorado,
Com a vida abençoada
De muito ser bem-amado!

Ao acordar, os teus braços,
À noite, haviam-se ido
No que eu senti o triste fardo

De não te ver mais, desperta.
Puxo de novo a coberta,
Sonho, e de novo os abraços.

Francisco Settineri.

domingo, 25 de setembro de 2011

Soneto da Primavera

                                                                                                                                       

Só tu trazes paz à vida
E a vida te traz ardores,
Quando tu acordas florida
E brilhas na luz das cores.

Vem o Sol, em desagravo
Do que roubaste das flores,
Perfume furtado ao cravo,
Dos morangos os sabores...

É assim que ainda te canto,
Primavera dos calores,
Teu sorriso não é pranto,

Convida a novos olores.
Devo a ti o mais vivo encanto
Em véu e manto de amores.

Francisco Settineri.

sábado, 24 de setembro de 2011

Por inteiro




Parte de mim é folha
Que do ar vem caindo,
Pela árvore largada.

Parte de mim é menino
Sentindo-se inteiro, feliz,
Fitando-se no olhar amado.

Parte de mim são flores,
Vermelhas e primaveris,
Celebradas por colibris.

Parte de mim é o homem,
Um forte pai protetor,
Cuidando de seus rebentos.

Parte de mim é o rapaz,
Em recatos e recantos
Em algum canto do jardim.

Parte de mim é o branco
Papel, poema em espera,
Um perfume de alecrim.

Parte de mim nem sabe
de quantas partes sou feito,
o que mesmo sou, direito.

Eu só sei, Senhora, que,
De um ou de outro jeito,
Só seu, por inteiro, sou.

Francisco Settineri.

Soneto da Volúpia

                                                                                                                                               

Queria do amor não saber nada,
Sair da rara dor e seu espinho,
Ser cego pr’essa flor atormentada,
Buscar na solidão outro caminho.

Mas eis que nessa senda sou tomado
Por mais do que uma fome toda nova,
Levado na volúpia de um tornado.
E vejo-me, de novo, posto à prova

Por olhos divinais, tanta delícia,
E abisma-se em teu céu todo um negrume
Que entrega a paz a mãos tão sem malícia.

Cansado de lutar, apago o lume,
A noite já me envolve, em sua carícia,
E sinto, em teu silêncio, o teu perfume.

 

Francisco Settineri.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Subjuntiva

                                                                                                                                                                      

Se você nua
Eu te desejo
Se você fuga
Eu te solfejo

Se você noite
Eu te veneno
Se você sonho
Eu te poema

Se você sorriso
Eu te brinquedo
Em teu compasso
O meu folguedo

Se você ida
Parto mais cedo
Se for risada
Me ponho em festa

Francisco Settineri.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Soneto atormentado

                                                               
Ardendo de tanta falta
Que tua ausência me provoca,
Como se estivesse morta
A canção que em mim se exalta,

Sinto a dor que me convoca,
E o que espalha à sua volta,
- Lâmina que me recorta! -,
Que aos pedaços não detenho.

Busco, então, nesse meu fado,
Esboçar, em sonho, a flor
Que se abre, ao céu revolta,

E recolho, atormentado,
O mistério deste amor
Que é, no mundo, o que eu tenho.


Francisco Settineri.

SIGNO



Calmo e só
não mais espero...

A espera é tensa,
e cada instante dela,
procura imensa.

Amo-te,
figura submersa
tão dispersa
que desconheço.

Reconstruo a memória,
densa e completa.


Francisco Settineri.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Indecente



Noite vem, olhar silente,
O meu corpo à tua procura
E um mistério no poente.
Mãos querendo em noite escura

E uma brisa de repente.
Nada faço, se recuas
E te pões toda contente,
Ao tocar-te as pernas nuas

E buscar lugar mais quente.
É das graças mais singelas,
A que mais na vida dura,

A que em teu corpo revelas,
Que apresentas com ternura
À Lua Nova, à luz de velas...

Francisco Settineri.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Canção de Amor

                                                                                                                                                                                                 


Soneto I


Dentro de mim tua lembrança
Acalentada em ardor,
Tece um breve improviso,
Minueto sem aviso,

Numa doce epifania.
Teu rosto, morena, envia
Flores lindas para o céu,
Em mel, canto e travessia.

Fugiu a noite e o dia
Nasceu alvo, claro e calmo
Em requintes de pudor.

Livre de sombra e de dor,
Por detrás desse sorriso
Em alegria furta-cor!



Soneto II


Em alegria furta-cor,
De uma manhã sem mácula,
Furto a cor da alegoria
Com sorriso de criança.

Eu, que não queria, agora
Danço, morena, e te dou
Som e mar e a luz do Sol,
Para ver se em ti os guardas.

Quando tristeza tu mostras,
Escondes-te, a cada vez
Em flagrante descompasso

De uma graça que revelas.
Abro, em par, todas janelas:
Tua alma é meu compasso!


Soneto III


Tua alma é meu compasso
E eu te espero ao redor dela,
Aguardando um terno abraço
E uma graça tão singela.

Belos, os teus olhos brincam
Ao se abaixarem, tímidos,
E abrigarem, nas meninas,
Luz e tom do coração!

Mas é grande a emoção,
Ao ficares só, sem jeito,
Aninhada em meu peito:

Nesse abandono do leito,
Em meus braços eu te enlaço
Em sombra, sonho e canção!


Soneto IV


Em sombra, sonho e canção,
Arrebata-se o meu verso.
És minha paz, o meu leme,
Meu céu, luz e o universo.

Entre tuas mãos, tão risonhas,
Esconde-se o tão diverso.
Encantado em tanto amor,
Tanto, que o corpo já treme!

Murmurando por teu calor,
Ergue-se o meu estandarte
E abre-se meu vôo em flor.

Vem, morena, e faz tua parte:
Debruçado em teu mistério,
O soneto agora geme!


Soneto V


O soneto agora geme,
Adornado em redondilha,
Dito em voz ora solene,
Ora em trova andarilha.

De madrugada, em dueto,
Tocamos as nossas cordas
Em pungente melodia.
No corpo-a-corpo fremente,

Lábios em cor maravilha
E peles em contracanto!
Só peço, morena, o encanto

De pousar o olhar discreto,
Mesmo que ainda faminto
Em teu corpo, que desteme.


Soneto VI


Em teu corpo, que desteme,
Brota mais que uma coragem.
Mostra-se em mim outra fome
Que a minha alma consome.

Porque, morena, meu peito
É vulcão e sua voragem
Toma-me, e a contragosto,
Devolve-me para a margem.

Mas tu tens sereno jeito,
E a fronte iluminada:
Nossos braços nos envolvem

Em fragor e alta voltagem!
Quando adormeces, cansada,
Velo até à alvorada.


Soneto VII


Velo até à alvorada
Em penumbra e acalanto,
Com a pele em brasa quero
Aconchego, ser teu manto.

Tentando com todo esmero,
Em vão, morena, que sejas
Minha, do fim ao começo,
Ou que pelo menos finjas.

Mas não queres ser cativa,
Ou te preferes furtiva.
Se te busco não encontro,

Em Paris, Quito ou Xangai.
És pra mim bem um descanso,
Todo um caravançarai.


Soneto VIII


Todo um caravançarai
De frutos, flor e perfume
É o que bebo com fervor
De teus olhos sem queixume.

Pois eles são como sóis,
Iluminando o caminho,
A me indicar como queres
Que eu te faça um carinho.

Quando fulguras no céu,
Invejam-te outras estrelas,
Por não terem tanto amor.

E digo, perdido em bemóis,
Repousando em nosso ninho,
- Morena, retira o véu!


Soneto IX


Morena, retira o véu,
E essa sombra emoldurada
Em tua face, há tanto tempo
Guardada. Nunca mais temas

De um amor o braço forte.
Eu te traduzo em poemas:
Com sorte, sem contratempo,
Irão te indicar o Norte.

Em teus seios, meus emblemas
Vão te levar até Marte.
Eu te peço, não mais penas,

Mas deixar-se ir com arte,
Ser beijada em toda parte
Com alcaparras e mel.


Soneto X


Com alcaparras e mel,
Leito, sabor e delícias,
Suave passar do tempo
Ao nos fazermos carícias.

Dou-te, morena, essa flor,
Para que a tenhas nas mãos.
Lembra sempre do suor
De nossos mansos prelúdios.

Pois quando nos afastamos
Só te revejo no anel,
Testemunha de que amamos.

Se a fel recende a distância,
Eu te chamo, já sem ânsia,
Inda que seja a destempo.


Soneto XI


Inda que seja a destempo,
Com clamor que me devora,
Morena, não vejo a hora
De reencontrar-te no campo

Em que, desnudo, te lavro.
Sem pressa, mas sem demora,
Pois senão de espinhos sangro.
És meu livro, e eu te abro

E em palavras me deslembro.
Se em tuas letras me encantaste,
Nada importa que a idade

Deixe em nós a sua haste.
Inda é cedo, na cidade,
Para amar em nova aurora.


Soneto XII


Para amar em nova aurora,
Não mais pranto, nem tristeza,
Conto sempre com a beleza,
E com a graça que em ti mora.

Sem demora e com presteza,
Despe-te, morena, é hora!
Não há tempo para reza,
Dar-se ares de senhora.

Com perfume de jasmim
Em teu colo de princesa,
Quero toda para mim

A tua nudez com nobreza,
Em abraço que põe fim
Aos rogos da natureza.


Soneto XIII


Aos rogos da natureza,
Quando a eles não responde,
A alma afunda em si mesma
E de si mesma se esconde.

Pois, morena, corpo e alma,
Luz e sombra, céu e mar,
São só dividido prisma
De uma unidade maior.

Quando digo que te quero,
Não é coisa diferente.
Alegre ao te ver feliz,

Gosto até da madressilva
Que te deixou tão contente:
Sou do amor um aprendiz!


Soneto XIV


Sou do amor um aprendiz
E dos teus olhos escravo,
Pois que são grande nutriz
Em cujo néctar me lavo.

Tuas mãos me desatinam
Ao me isentarem da dor
Que foi sempre minha herança.
Antecipam-se, morena,

Ao que será o meu destino,
Em teus braços ser menino,
Um guerreiro e um sonhador.

Meus versos não desanimam,
E a palavra no azul dança:
Dentro de mim tua lembrança...


Francisco Settineri.

Canção de amor - Soneto XIV



Sou do amor um aprendiz
E dos teus olhos escravo,
Pois que são grande nutriz
Em cujo néctar me lavo.

Tuas mãos me desatinam
Ao me isentarem da dor
Que foi sempre minha herança.
Antecipam-se, morena,

Ao que será o meu destino,
Em teus braços ser menino,
Um guerreiro e um sonhador.

Meus versos não desanimam,
E a palavra no azul dança:
Dentro de mim tua lembrança...

Francisco Settineri.

Canção de amor – Soneto XIII



Aos rogos da natureza,
Quando a eles não responde,
A alma afunda em si mesma
E de si mesma se esconde.

Pois, morena, corpo e alma,
Luz e sombra, céu e mar,
São só dividido prisma
De uma unidade maior.

Quando digo que te quero,
Não é coisa diferente.
Alegre ao te ver feliz,

Gosto até da madressilva
Que te deixou tão contente:
Sou do amor um aprendiz!


Francisco Settineri.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Canção de amor – Soneto XII

 

Para amar em nova aurora,
Não mais pranto, nem tristeza,
Conto sempre com a beleza,
E com a graça que em ti mora.

Sem demora e com presteza,
Despe-te, morena, é hora!
Não há tempo para reza,
Dar-se ares de senhora.

Com perfume de jasmim
Em teu colo de princesa,
Quero toda para mim

A tua nudez com nobreza,
Em abraço que põe fim
Aos rogos da natureza.

Francisco Settineri.

domingo, 18 de setembro de 2011

Canção de amor – Soneto XI

                                                           

Inda que seja a destempo,
Com clamor que me devora,
Morena, não vejo a hora
De reencontrar-te no campo

Em que, desnudo, te lavro.
Sem pressa, mas sem demora,
Pois senão de espinhos sangro.
És meu livro, e eu te abro

E em palavras me deslembro.
Se em tuas letras me encantaste,
Nada importa que a idade

Deixe em nós a sua haste.
Inda é cedo, na cidade,
Para amar em nova aurora.

Francisco Settineri.

O SOM DO SILÊNCIO

.   Fim da tarde, o sol se esconde, E, por fim, a lava escorre Deste Etna que não morre, E que vai não sabe onde... . O fogo parece fronde. ...