sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Noturno


No silêncio da penumbra
Silhuetas vislumbradas
Uma mão corre na sombra
Em carícias compassadas!

Inda espero que se abra
Tua face doce e amada
E nenhum ruído quebra
Tua efígie que é de fada...

Correm versos sonolentos
Numa voz de acalanto
O cabelo solto aos ventos

Cai a noite e seu manto
Lentos, calmos movimentos,
Uma estrela acalma o pranto...



Francisco Settineri.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Soneto do Reencontro



O teu sorriso é belo e altaneiro,
Refulge em calma paz à luz da Lua
E mesmo que me surjas toda nua
Me tens manso, parado, em cativeiro!

O meu amor, eu sei, foi o primeiro
A desvendar o ardor da alma tua
Que o canto dos meus versos perpetua
Nas longas noites quentes de janeiro.

Momentos de prazer e amor fecundo,
Desfeitos em tua roupa vários laços,
Vislumbro a tua pele e sinto o mundo

E esqueço-me de todos os cansaços.
Se em teus perfeitos olhos já me afundo,
Encontra-me o carinho nos teus braços...



Francisco Settineri.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Soneto do Mal Secreto



Eu canto o que perdi, na realidade
Das brumas que afastaram teu sorriso.
Se aos homens eu já sou alvo de riso
Que importa se somada uma maldade?

Aos deuses eu não peço piedade,
A dor que me chegou foi sem aviso,
Arrasa o coração, quanto é preciso,
Quem sofre um grande amor terá vaidade?

Saudade corroeu alma formosa,
Os pés não dançam mais o minueto
Tornou-se triste o que antes era prosa,

Escondo até dos céus o mal secreto.
Abate-se a lembrança, como a rosa
No cárcere tão mágico, o soneto!




Francisco Settineri.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Soneto da Impaciência



Semana sem te ver, no desespero
Da ausência que te deixa tão distante,
Cultivo a imensa flor do exagero
E sangra o coração, chaga de amante!

Mas tranca-me a garganta o destempero
Que assusta como o vento mais uivante.
Nos dias que nos faltam eu te espero
E nada neste mundo me é bastante

Pra calma do meu todo desconsolo.
As luzes da cidade, que não viste,
Ilustram este velho amante tolo.

Eu lembro do que é feito armas em riste
E rodo, uma vez mais, esse monjolo
Na noite sem você, assim tão triste...


Francisco Settineri.

Soneto de Amar Demais



Na saudade que é só tua, meus reclamos
Evocados na alva noite os nossos brilhos,
Pois mais doce que a lembrança dos teus olhos
É o carinho dos embates que travamos.

Mas os astros desta noite foram amos
E não fomos, ao luar, mais que seus filhos,
Se o ferrenho vento audaz sacode os ramos,
Nós dançamos nestes mesmos estribilhos.

E bailamos, nesta mata, lado a lado
E sentimos o sabor de estar contente
Pois formamos um só par, bem constelado

E bebemos da água pura na vertente
Pois o nosso amor pra sempre nunca é fado,
É alegria, quando o outro está presente!



Francisco Settineri.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Soneto de Embalar Menina




No raro encanto da noite serena,
Embalo-te, morena, qual menina,
Ao colo, ricas pedras de que és mina
Que eu canto como o cravo e a açucena...

Mas saem da minh’alma e vêm à pena
Os versos que pra ti a mão assina,
E quando tu te aninhas, bailarina,
De amor cruel a seta só envenena...

É doce descansar no teu regaço,
Correr as lentas mãos pelos cabelos,
Eu deixo no teu corpo um simples traço

E esqueço dos passados desmazelos:
Carinho que já beira ao devasso
No leito em que respondes aos apelos...


Francisco Settineri.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Soneto da Espera




Eu quero ver de novo essa morena
E o seu sorriso exposto em seu silêncio.
A tarde se renova sob o auspício
De um bom carinho feito em mão pequena.

A noite não seria tão amena,
Nem o luar tão claro o mais propício,
Distância a me manter no vão suplício
De me deixar bem longe a paz serena.

Um grito sai arfante desse peito
Na ânsia de teu pobre trovador.
O dom no desalinho do imperfeito,

Meu selo te deponho, com ardor:
Pois num despir sem jeito, vais pro leito,
E eu bebo em tua pele o teu calor...


Francisco Settineri.

O SOM DO SILÊNCIO

.   Fim da tarde, o sol se esconde, E, por fim, a lava escorre Deste Etna que não morre, E que vai não sabe onde... . O fogo parece fronde. ...