Quem dera não sentir tanta ternura
E os lábios manter quietos, sem dizer-te
O quanto sem querer tu cometeste
Ao relembrar pra mim tanta ventura...
Pois vem para o meu céu toda a loucura
No manto de furor com que te vestes,
Espalhas com tuas mãos toda uma peste
Que o coração servil logo tortura!
E o náufrago à procura de um abrigo
Nas tábuas de seu mundo que perece
Já tenta se afastar deste perigo
No murmurar de vozes de uma prece:
Que o amor não seja mais do que um castigo,
E grande insensatez à terra desce!
2 comentários:
Acho pena serem hoje em dia relativamente poucos os poetas que cultivam esta forma de fazer versos.
Ainda existem apreciadores.
No belíssimo dizer de Gustavo Adolfo Béquer, enquanto houver um mistério para o homem, enquanto houver uma mulher formosa, haverá poesia.
Vivemos hoje porventura em escassez de mistérios ou de beleza feminina?
De jeito nenhum.
Sonetistas, voltem ao trabalho!
Você não, Francisco, apenas não pare.
Abraço.
Olá amigo, um tumulto de emoções num maravilhoso soneto e que adorei. Abençoados sejam, quem escreve assim autênticas maravilhas. Beijos com carinho
Postar um comentário