sábado, 1 de dezembro de 2012

Febril



Quando a face que me encanta e que se alheia
Num olhar dissimulado e contrafeito
Traz consigo em seu sorriso o nó desfeito
Nela vejo em breve o ar de quem anseia...

E é assim que corre solto pela veia
O meu verso, muitas vezes no imperfeito,
Que eu não sei se é inocente ou se é suspeito
Mas que busca apanhar-te numa teia!

E a tormenta das tuas mãos, que acolhe o gesto
De tomar-te aos pés da escada, tão sem freio
Regurgita dos gemidos só um resto,

Ao deitar ao solo o corpo em que passeio:
Aninhada no meu colo, sem protesto,
Ao jogar-se à minha fome, sem receio!


Francisco Settineri.

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