quarta-feira, 29 de maio de 2013

CANTILENA



E foram risos,
ao despertar mais cedo
e ver no teu brinquedo
a luz se oferecer

E foi o sonho
no teu luar sereno
que vai deixar sementes
no chão do amanhecer

E eram flores
no azul da alvorada,
ao ver na tela amada
a cor da imensidão

E foram risos,
no teu luar sereno
que vão deixar sementes
Pra luz se oferecer

E foi o sonho
ao despertar mais cedo,
e ver o teu brinquedo
no chão do amanhecer


Francisco Settineri.

terça-feira, 21 de maio de 2013

O Morto-Vivo



Repito o meu bordão enquanto caio
No vendaval em que a memória dança,
E mesmo às peias que a torrente trança
Insisto em me prender, enquanto é maio.

Nascer e desnascer foi um desmaio
De um pacto insolvente que não cansa
E o verso que me sai não sei se alcança
A confessar o lapso em que me traio.

A sílaba que insiste na garganta,
Eu calo e ela não sai em atropelo,
Nas veias o veneno corre em festa

E despe-se a repulsa em um desvelo
Do corpo que tão lento se alevanta
E ergue aos céus a sombra de uma testa!


Francisco Settineri.

domingo, 5 de maio de 2013

Depoimento do Rabicó




Eu já não sei o que eles têm em mente
Pra destilar o caos dessa maldade
Pois minha pança a tristeza invade
Minha leitoa já ficou doente!

Eu ponho a porca na linha de frente
Trouxe a mocréia pra minha cidade,
E tenho bolas, mas não de verdade
Pois não suporto quem me atormente!

Eu já deixei um novo cavanhaque
Que muito ajuda a ocultar focinho
Juntada aos poucos na pocilga a claque,

Fiz pra revista de maus versos ninho
Mas quando apanho ela sente o baque
Eu só queria sair de fininho!!!


Francisco Settineri.

sábado, 4 de maio de 2013

Boletim de Ocorrência




Seu delegado, prenda este à-toa
Que sacrifica o meu leitão funesto
O gordo apanha sem opor um gesto,
Ou não me chamo mais Mimi Leitoa!

É no seu couro que o pau mais ressoa
Embora grite em dor o seu protesto
Nossa revista vai ter manifesto
Prenda este homem, seu doutor, na boa!

Minha amiguinha, a Lili Perneta
Já reclamou de tanta indecência
Ela não cansa de fazer careta,

Ao publicar em nossa decadência
- E mostra a todos a sua corneta -
Seu delegado, tome providência!


Francisco Settineri.

onça-pintada



quatro é tamanho de gato
espera escondida no mato

eu caço o cateto e me farto
na treva espinhosa eu me trato

quatro é tamanho de gato
é olho escondido no mato

quatro é tamanho de gato
a fome escondida no prato

o vulto que escorre no mato
reclama no anonimato

quatro é tamanho de gato
a vida desliza o contrato

quatro é tamanho de mato
o fausto escondido do gato

os pés do poema, o distrato
a forma faz gato e sapato

quatro é tamanho de mato
o enlevo embutido no tato

quatro é tamanho de gato
desfaço o dilema ou me mato


Francisco Settineri.

O SOM DO SILÊNCIO

.   Fim da tarde, o sol se esconde, E, por fim, a lava escorre Deste Etna que não morre, E que vai não sabe onde... . O fogo parece fronde. ...