terça-feira, 21 de maio de 2013

O Morto-Vivo



Repito o meu bordão enquanto caio
No vendaval em que a memória dança,
E mesmo às peias que a torrente trança
Insisto em me prender, enquanto é maio.

Nascer e desnascer foi um desmaio
De um pacto insolvente que não cansa
E o verso que me sai não sei se alcança
A confessar o lapso em que me traio.

A sílaba que insiste na garganta,
Eu calo e ela não sai em atropelo,
Nas veias o veneno corre em festa

E despe-se a repulsa em um desvelo
Do corpo que tão lento se alevanta
E ergue aos céus a sombra de uma testa!


Francisco Settineri.

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