sexta-feira, 19 de maio de 2017

Prece




Eu bem que te avisei, menina linda
Que o amor é sempre amargo
Depois dele vem o grande letargo
E a saudade que muito dói, vinda

Não se sabe de onde, mas que finda
A manhã, vem o desembargo
Da tristeza, e finalmente o descargo,
O alívio, tua noite na berlinda!

Eu queria que tu bem soubesses
Das noites quentes, alucinadas
E do exato sentido do nada

Que te apavora, quando de novo a noite desce.
Mas não, não vou te dizer da fechada
Curva da existência, da vida e da prece!!!
 .

Francisco Settineri.

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Instruções para dobrar pirilampos





Também conhecidos por vaga-lumes, voam pelas copas das árvores, alimentando-se  de lesmas e caramujos.

Você pode reuni-los em uma caixa de goiabada, mas por certo os vidros são mais adequados. Para tanto, é preciso saber tocar de maneira correta as suas patinhas, que assim se flexionarão e recolherão docilmente. É como a roupa que se dobra, entregando-se à natural suavidade dos dedos. Essa empreitada deve ser realizada ainda no verão, pois o que chamamos de vaga-lumes são os insetos machos, que duram apenas por volta do período do acasalamento. Antes disso, o que você teria para dobrar seriam larvas ou pupas. Devemos ser rápidos em sua captura, para que os vidros possam ficar cheios. Alguns cálculos aritméticos orientarão a captura, levando-se em conta a largura e a espessura dos desses coleópteros, assim como o comprimento e a área dos círculos a serem cobertos. Entre uma e outra camada de vagalumes, um círculo de papel manteiga ou de seda. Não se pode encher demais os vidros, para que os animaizinhos não fiquem machucados e com pouco ar, em sua hibernação forçada. O Brasil é o país onde há mais espécie de pirilampos, que utilizam suas luzes para se defender dos predadores e para atrair as fêmeas.

A surpresa luminosa pode vir no quarto ou na sala de jantar de luz apagada. É o momento, numa noite quente de verão, de afinal soltar essas pequenas criaturas tão aparentadas com as estrelas e com os sonhos.

Francisco Settineri.

O SOM DO SILÊNCIO

.   Fim da tarde, o sol se esconde, E, por fim, a lava escorre Deste Etna que não morre, E que vai não sabe onde... . O fogo parece fronde. ...