Hoje,
eu não vivo por extenso
(quantos amores idos)
Eu beijava as tuas mãos
Como se lambe uma maçã.
Tinha o teu corpo como um reino
E as minhas mãos eram
Soberanas.
Lembra
Das palavras obscenas
Proferidas no quarto
Da quitinete
onde eu morava.
E tudo eram risos
Faltava vergonha
Naquela intrepidez
Morena e calma.
E
os teus pequenos pés
Eram acariciados
Em espera
E esperma
E a tua boca era coalhada de beijos...
Lembra,
dos agapantos floridos
Nas janelas da manhã
E do café depois do leito,
Do pomar cheio de araçás de fevereiro
Onde os abraços eram mudos
E pareciam não acabar.
Hoje estamos cansados,
O tempo passou apressado
Estamos tão cansados,
O meu coração apertado...
Francisco
Settineri.