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O inverno me atormenta,
Com o frio do minuano
Passou pouco mais de um ano,
E é nas frestas que ele tenta
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Mesmo quando a flor inventa
Abrir-se, assim, como engano,
Enfrentando o grande sono
Que mais e mais se apresenta
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Com a gigante presteza.
A flor nunca se remete,
Em sua íntima proeza,
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A flor mulher já despreza,
Não há nada que a complete
Ou que falte, em sua beleza...
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Francisco Settineri.
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A saudade que se soma,
Quando não te aninhas mais,
Os meu braços não têm paz,
E a tristeza me retoma.
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Mas tristeza de renome,
Pois daquelas que se guarda,
O meu coração se farda
E cuida da minha fome...
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Nostalgia de uma infância
Tenho a esperança vã,
Pois ainda não tenho cãs,
Mas eu tenho muita ânsia
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De encontrar soberba Dama,
Que anda em doce balanço,
A saber que o olhar que lanço
É pra retomar a chama!
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Francisco Settineri.
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Há tanta leveza em teu olhar gentil
E tanto sol numa tarde luminosa,
Tanto amor e neste parque esplendoroso
Há muito lugar prum sorriso infantil.
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Na beira do lago, um espaço vazio
Sentamos em bancos, na tarde gloriosa,
Que te deixava ainda mais deliciosa.
No teu uniforme, de uma estudantil
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Abrasados num amor bravio e fero,
Porém, tomados de uma grande harmonia,
Os nossos corpos dançaram o bolero
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E, na insensatez daquela idolatria,
Nossos beijos foram mais do que sinceros,
Amiga jovem e cheia de magia!
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FranciscoSettineri.
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Eu já canto à luz da lua,
Quando pego as suas mãos,
Traço rimas de invenção
Versos que são d'alma sua.
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Pois eu lhe vi pela rua,
Co'a sua linda feição,
Qual fosse um lugar, canção,
Lhe imaginei toda nua...
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E a rara intenção da sua
face, que me encanta mais,
a tez que é sua recua.
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E baixa o olhar demais.
A minha paixão é crua,
Como se eu fosse um rapaz!
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Francisco Settineri.
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É muito raro eu amar, mas é profundo,
É feito da massa do puro infinito,
E jogo para os céus o delito e grito
Feito de todos os arrebóis do mundo.
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Quando te conheci, estava no fundo,
Porém, de toda a minha alma o delito
Estava resumido a um manuscrito,
De estar restrito a um amor vagabundo...
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Chora, coração, pois de tanto querer,
Esta minh'alma ficou assim restrita
Até o ponto da montanha romper
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Com esse meu verso gigante, erudita
Testemunha de um não querer ceder,
De não deixar nunca mais de amar a aflita!
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Francisco Settineri.
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A Mary Gomes
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Teu sorriso, menina muito doce,
Ele parece ser feito de esperas.
Eu penso que tu andas nas esferas
E desde a tua idade mais precoce
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Do sentimento tu tomaste posse,
De uma maneira íntima, deveras,
Contigo mesmo tu foste severa
E mesmo com teus olhos agridoces
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Contemplas com fervor a natureza,
Nostalgia que tu tomas inteira,
E na ternura que é a tua pureza,
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Da qual tu és mais que uma companheira,
Envolves o teu mundo em tua beleza,
Da qual, em teu sonho, tu és bandeira!
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Francisco Settineri.
A Maeve Phaira.
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Tua escrita é feita de simples engenho,
Desdobra o leque de toda fantasia.
Mostra para todos o que mais querias,
Como o que tu traças como um desenho.
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Pois ao ler teus versos eu não me contenho,
E diante de tão rara caligrafia,
Tão lúcida, tão doce e tão luzidia,
De súbito, e muito pasmo, eu me detenho.
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Maeve, o teu nome já é um poema,
Tens o mesmo nome da rainha celta,
E que é sempre borbulhante, viva, mágica...
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Que o povo irlandês tinha como suprema,
Mas veja, não há nisso mais que um problema,
Pois eu te quero assim, atrevido lema!
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Francisco Settineri.
A Nilena
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O teu olhar ilumina a madrugada,
E a tua voz, suave, a enternece.
Se eu, nos caminhos, recitasse a prece,
Tu prepararias a doce alvorada.
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Olhar e voz seriam a minha pousada,
Porém, enquanto o Cruzeiro resplandece,
Tomo os teus cabelos com muita finesse,
E o luar deixa a tua pele prateada...
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O teu coração é a minha vertente,
Eivada de sonhos e de fantasias,
No entanto, quando o sol cai em seu poente,
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E eu cubro de versos a tua fronte,
A tua voz adorada na noite fria
Conjuga-se com teu olhar, tão fremente!!!
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Francisco Settineri.
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Era um rio escandaloso,
De tanto peixe que tinha
E a vontade, que era minha,
Era um rito doloroso.
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Nada que fosse escabroso,
Era apenas jogar linha,
Que todos os peixes que tinha
Vinham no rio caudaloso.
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A pescaria, febril,
Ostentava esse tamanho,
Podia ser pueril,
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Mas o puxão era lanho.
E trazia um arrepio
Que por nada era ganho!
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Francisco Settineri.
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Não sei como ficar, diante do dilema,
E que se impõe dentro da madrugada,
Que põe a ti como sendo a grande amada...
Além disso, teu nome já é um poema.
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Pronuncio um nome que já são fonemas,
Que põem ao relento tua grande chamada
E põem ao escuro tua enorme e levada
Carícia que envolve todos os fonemas...
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Poetisa, diz-me porque a doçura
Desbasta em minh'alma tanta querência,
Pois tens no teu sorriso essa tanta alvura,
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Que coloca ao coração grande sofrência
E ao mesmo tempo a tua grande ternura,
Que, vinda da alma, não tem reticência!
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Francisco Settineri.
