quinta-feira, 26 de novembro de 2020

AMOR NASCENTE

 .

O amor nasceu, e se foi, foi descabido,

Uma página que parou na andança,

Como se fosse nascer uma mudança

No caminho de um bardo desvalido.


O amor que foi crescente foi temido,

Sabia que ia ficar na lembrança,

Eu já senti por ti amor e confiança,

Erotismo que não era permitido...


Eu sonhava com o teu sorriso franco,

Admirado com tua visão certeira,

Tuas palavras doces, ditas no banco,


A praça era descortinada e inteira.

Eu sonhava com o teu sorriso franco.

Oh vida! Oh dor! Oh lágrima derradeira!

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Francisco Settineri.


quarta-feira, 25 de novembro de 2020

VERSOS ARDENTES

 .

Tu és o emblema de eu estar no mundo,

Com tuas nuanças fêmeas de magia,

Sem se importar com o que aqui jazia,

Se era poeta, ébrio ou vagabundo.


Olhar que acompanhou por um segundo,

Tentando ver se eu tinha uma harmonia,

Ou se era feito de monotonia,

Pois se eu era um artista moribundo,


Olhava por um tempo e ela saía.

A enfrentar, corajosa, o inverno,

Também a sua chuva fina e fria...


Lembraste-me, garbosa, do materno,

Com seu olhar de pura alegoria:

Senti, por um momento, amor eterno!

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Francisco Settineri.

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

TARDE EM FLOR

 .

Menina, se eu ouço um belo noturno,

Chopin é o único responsável, 

Por este momento tão adorável

De quem a linda tarde, por seu turno,


Retira o que possa ser soturno,

Com a sua doçura incomparável,

Com seu tom, muito mais do que adorável,

Ninguém fica, em nada, taciturno...


Porque esta tarde, banhada de sol,

É a parte do dia preferida

pelos pequenos pássaros que a habitam.


Suas asas e seus voos exercitam,

Antes que precisemos de um farol,

Uma tarde de bemóis revestida!

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Francisco Settineri.


quarta-feira, 18 de novembro de 2020

CANÇÃO PARA RENATA

 .

Vamos brincar, Renata, de esperança,

Mesmo que as coisas pareçam duras,

Ainda que essa noite seja escura,

Não vamos renunciar à nossa dança.


Nas nossas forças teremos confiança,

Mesmo que as coisas pareçam impuras,

Temos que pensar na vida futura,

Deixaremos, enfim, alguma herança!


Mas, quando a noite nos pega abraçados,

É de amor que se trata, não de fuga,

De um amor que não é desamparado.


Enxuga a lágrima, Renata, enxuga,

Meu coração bate descompassado

E o meu amor por ti desfaz a ruga.

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Francisco Settineri. 



DOCE FLERTE

 .

Antes que termine a tarde,

Eu estarei só contigo,

Amante, comparsa e amigo.

Mas eu, sem fazer alarde,


Não serei, não, um covarde,

Enfrentarei teu perigo,

Pele macia, castigo,

Antes que termine a tarde...


Teu sorriso é o meu poema,

Tenho medo de dizer-te

Que o encanto me diverte.


Tu terás sido o meu tema,

És o mais precioso flerte,

Despida na tez suprema!

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Francisco Settineri.

terça-feira, 17 de novembro de 2020

Nunquidade

 .

A sempridade da horizonterra,
Temeridade que se aferra
À nunquidade do tempo fero
E aos repentes do multifário
É ponteiro dos segundos bestiais
Esperando-nos na tumbiterra!

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Francisco Settineri.

terça-feira, 10 de novembro de 2020

MENINA DAMA

 .

Menina, musa etérea, és tu que mandas

Na minha imaginação febril,

Na minha vontade de te ser gentil,

Arquitetura de palavras brandas.

 

Tu danças solitária na varanda

Com o  teu ritmo gracioso e gentil,

Não escondes teu sorriso infantil,

Tu fazes da alegria a propaganda!

 

Tu és criança, e ao mesmo tempo dama,

Com os teus gestos fáceis e graciosos

A verve do poeta até se inflama...

 

Pois as liras largam um verso ansioso,

Qu se entrelaça com a tua flama,

Estampa mor de um tempo saboroso!

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Francisco Settineri.

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

CRISTAIS

 .

Brindemos, ambos, pela vez suprema,

E que nós ergamos a nossa voz

Teu nome, menina, é mais que um poema.

 

Que o nosso cio seja um teorema,

Escrito a sangue na noite feroz,

Brindemos, ambos, pela vez suprema!

 

Os corpos vão estar na vez extrema,

Até que a alvorada seja o algoz.

Teu nome, menina, é mais que um poema...

 

Teu cheiro, minha Dama, é de alfazema

E não se desfaz na noite feroz.

Brindemos, ambos, pela vez suprema.

 

Haverá, sempre, variações de tema

E não importa o que virá após,

Teu nome, menina, é mais que um poema.

 

Eu quero que a nossa pele não trema

Ao saber que um dia seremos pós,

Brindemos, ambos, pela vez suprema,

Teu nome, menina, é mais que um poema!

.

Francisco Settineri.

 

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

SEDUÇÃO

.

Quando primeiro ouvi a tua voz,

Num encontro de casual magia

Senti que nada para mim valia,

Um grande frio me percorreu atroz.

 

O teu olhar tornou-se meu algoz,

Senti os tremores de uma noite fria

Não sei de que jeito, com que quantia

Encheu meu peito de um furor feroz...

 

Foste de imediato por mim amada, 

Eu me senti muito desamparado,

Com meu coração descompassado,

 

Frente a tua ternura imaculada,

Pois quis me sentir homem arrojado,

Quis conquistar, fui a presa escolhida!

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Francisco Settineri.

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

TEU SILÊNCIO

 .

O teu silêncio me faz cair morto,

Como as folhas das árvores de outono,

E se eu caio a dormir como sem dono,

Deitado ao léu como corpo absorto,

 

É porque o teu brilho me deixa torto

E pobre como Jó, mas sem abono.

Eu sei bem que te coloquei num trono,

Que me causou um sério desconforto.

 

O teu silêncio é o de um corpo composto,

Mas que um dia provocou alegria,

Tomada estavas na doce magia

 

E nada entre nós tinha sido imposto.

Hoje encantada com as pipas ao céu,

Não hás de calar a boca de mel!

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Francisco Settineri.

 

domingo, 1 de novembro de 2020

NAVEGAÇÃO

 .

Escuta as notas desse mar que espuma,

Procura dentro de ti  harmonia

E busca do poeta as brancas brumas.

 

Veja no céu a leveza da pluma

E na tua mulher a tua magia,

Escuta as notas desse mar que espuma.

 

A fera do coração é uma puma

Que escreve na pele a caligrafia,

Busca, pois, do poeta as brancas brumas...

 

Não há no horizonte coisa alguma

Que se oporá a essa barbaria,

Escuta as notas desse mar que espuma.

 

Ao incerto Norte o teu barco ruma,

Decerto as tempestade será fria,

Mas busca do poeta as brancas brumas.

 

Além do mar, a verdade é nenhuma,

No coração não há monotonia,

Escuta as notas deste mar que espuma

E busca do poeta as brancas brumas!

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Francisco Settineri.

O SOM DO SILÊNCIO

.   Fim da tarde, o sol se esconde, E, por fim, a lava escorre Deste Etna que não morre, E que vai não sabe onde... . O fogo parece fronde. ...