Blog de poesia porto-alegrense. Poemas de Francisco Settineri. Thanks ever so much!
sábado, 27 de junho de 2020
DEVAGAR
Toco-te calmo
e sem pressa
o resto
não interessa
teu olhar
teu sorriso
tuas mãos
delicadas
tua sensual
idade
.
Francisco Settineri.
VERSOS A UMA AMADA DISTANTE
Se não sentisse, como eu sinto o teu ardor,
Não estaria assim tão só, assim tão breve
Revoaria, como os pássaros, tão leve,
Mas de um ninho bom eu seria o morador.
Porém, tu, quando estimulas o pecador
Me levas pro mau caminho, que não se deve
Impor, mas que me faz degelar tanta neve,
Ou faz com que o meu corpo se sinta em vapor!
É grande a delícia de acolher no meu colo
Muito maior a de fazer tu adormeceres
Isso me faz sentir como um deus apolíneo,
Cavalgando a aurora, em todos os afazeres,
Pois meu amor por ti me serve de consolo,
Oh dorme, dorme amiga até tu despertares...
.
Francisco Settineri.
quinta-feira, 25 de junho de 2020
A DOCIBELA E GRACILINDA
Bela como tu, gracilinda,
Ela ainda está por nascer,
Porque, nesta noite infinda,
O que eu faço é emudecer,
Diante dos meus olhos, bem-vinda,
Eu ainda estou por crescer.
Porque frente a ti, minha vinda,
A aurora vai agradecer
E irá, quando a noite finda,
Fazer-nos ver o amanhecer!
.
Francisco Settineri.
terça-feira, 23 de junho de 2020
O CANTO SEM MANTO
Sem ti, morena, sinto-me incompleto
Pois a essência é a estância de um ser
Enquanto eu passo um dia sem te ver
Isso me põe irritado, irrequieto...
Muito, muito melhor ser um discreto
Não há nada pior do que viver
Na reles perspectiva de ceder
No duro esforço de voltar completo!
Mas quero te acarinhar, nos meus sonhos
Eu sei que tu me queres ser refém
E dar-te a mim com teu olhar risonho.
No rosto, não há sombra de desdém
Acordas com saudade e o olhar tristonho,
Vem toda para mim, com roupa ou sem!
.
Francisco Settineri.
OLHAR PERDIDO
Este olhar tão distante só avança,
Teu rosto gracilindo é a fonte
Ele já se ergue ao alto do monte,
E busca na estrela a esperança.
Tu guardas em teu peito a lembrança
Daquilo que um dia foi a ponte,
Visada que dirige ao horizonte
E busca o meu olhar, sem desconfiança...
Tu és pra mim a flor das mais garridas
E busco-te no fundo dos meus sonhos
Mas tens em tuas mãos a flor contida
E, eu sei, eu fico tão mais tristonho,
Que se abram, em mim, velhas feridas;
Resta, como em Pandora, a esperança!
.
Francisco Settineri.
domingo, 21 de junho de 2020
BELAS TARDES DA MENINA
Enquanto eu canto te encanto
A cada esquina eu te vejo
Sempre que assim te desejo
A minha voz alevanto
Quero secar o teu pranto
E te tomar num bom beijo
E nos teus braços o ensejo
De que descubras teu manto
Sei que pertenço a tuas tardes
Isso em nada me corrói
Eu nunca fui um covarde
Mas tua falta muito dói
E disso não faço alarde
Lira que versos constrói!
.
Francisco Settineri.
O BASTANTE, MENINA
No que tu estiveres
eu estarei
Onde quer que seja,
eu serei
Qualquer coisa que digas
ou não digas
Eu ouvirei
.
ou não digas
Eu ouvirei
.
E se quiseres ficar quieta
comentarei
as astúcias do silêncio
.
comentarei
as astúcias do silêncio
.
que escutarei!
.
.
Francisco Settineri.
sábado, 20 de junho de 2020
BELIMUDA
Teu sorriso é uma nau com as velas plenas
E as velas revelam-me toda a dor,
Teus cabelos prendem-se no esplendor
E as roupas brancas me mostram, apenas,
Que não és grande, nem sequer pequena.
Mas guardas dentro de ti um pudor,
Não-sei-quê de um ânimo pecador,
Que faz de ti alvigraça menina...
Desenho de teus olhos que me atiça,
Teu rosto inteiro tem algo de adorável
Teus lábios me incitam à cobiça,
Calados, mas me deixam miserável,
Mendigo esperando por justiça,
Inepto, obscuro e insaciável!
.
Francisco Settineri.
VÊNUS
A estrela vespertina ainda pensa
Se vai brilhar no céu durante a noite
Mas se a nuvem escura for o açoite
O escuro vai descer, e a noite tensa.
A água que cair será a sentença
E mesmo que eu tenha o meu pernoite
Menina, eu te quero à meia-noite!
Terei, de regozijo, a recompensa
De ter em tua pele o sentimento,
Calor que eleva em mim a criatura
Livrada assim de todo o seu tormento,
E cada vez mais longe da tortura,
Mas dando à alma o ensinamento
Fartura que terei de sua ternura!
.
Francisco Settineri.
sexta-feira, 19 de junho de 2020
CASTELINDA
Tua pele, com meu tato, se arrepia,
E teus olhos nunca ficam indiferentes
Eu sou, do teu belo corpo, o docente
Porque eu, dono do saber, em mim confias.
E o meu beijo, nos teus pés, arrancaria
Gritos de prazer, soberana vertente
Mas eu quero te adornar divinamente,
Os cabelos, que se nutrem de alegria.
O teu amor, que eu sei que não vou perdê-lo
Recresce, divinamente, no caminho
Que sempre leva, ao teu corpo, meu carinho,
Vou conter, contigo ao colo, o pesadelo
Que tens de ver as vestes ao desalinho
Des que fiques, a rezar, no meu castelo!
.
Francisco Settineri.
quinta-feira, 18 de junho de 2020
TARDIMUDA
As nuvens caladas cobrem a tarde
E tu a continuar docicândida
A sorrir, e de forma assaz esplêndida
Enquanto eu sei que hoje nada arde;
E também não faz, jamais, muito alarde
Enquanto que esse meu amor bandido
Que não deixa ficar arrependido
E que nunca me largou tal covarde!
Tu coreografas a própria dança
Escondida, eu sei, pelo teu caminho
A deixar, melancólico e sozinho
Aquele que tanto amou tuas tranças
E o que te amou desde pequenininho
Este amor que será a tua herança!
.
Francisco Settineri.
quarta-feira, 17 de junho de 2020
CAVALHADA
Os cavaleiros da aurora
cortam as trevas
com suas espadas flamejantes!
A manhã borbulha
ao canto dos pássaros,
bem-te-vis e sabiás
A tarde se arrasta como pode
Crepusculando...
.
Francisco Settineri.
ALÉM DO VERSO E REVERSO
Menina, meu pensamento,
e o digo com tristeza,
alma e flor de tua candura,
É agora o cimento
com que busco tua altura,
sem nenhuma avareza.
E em uma escultura
colocar tua beleza
erguer uma realeza
Em humilde pentimento!
.
Francisco Settineri.
terça-feira, 16 de junho de 2020
Outonal
Acerba, a dor que me compele,
Mas a saudade mata a gente
Amo-te, compulsivo e triste...
Francisco Settineri.
segunda-feira, 15 de junho de 2020
DEIXA-ME A TUA MARCA
Deixas-me feliz, menina
quando sentas no meu colo,
delícia de um deus Apolo,
És da dor minha morfina...
Com tua manha feminina
eu não tenho mais consolo,
quando sentas no meu colo
minha alma assim se anima.
Se num átimo tomamos,
em um beijo delicado,
cada um com suas mãos,
Lábio com lábio trocado.
Troam ambos a invenção,
coração descompassado!
.
Francisco Settineri.
domingo, 14 de junho de 2020
AI, MENINA, ME DÁ TEU CORPO
Faça-me um carinho, menina,
Com tuas mãos tão delicadas,
Com as tuas veias saltadas,
És o meu amor, minha sina
E não adianta que a neblina
Embace a vista tão cansada.
Não ficarei desanimado
Mas eu terei a minha mina,
O coração descompassado
Frente a tua alma cristalina!
.
Francisco Settineri.
OLHOS DE TEMPESTADE
Teus olhos são grandes, menina linda,
Iluminam e refletem tua alma
E me mostram, como se fosse calma
A escuridão com que o ocaso finda.
Nada sei do que vou fazer, ainda
Não há nada no mundo que me acalma
Mesmo que eu te exponha a agalma
Tu serás na minha fronte bem-vinda.
Eu quero te enlaçar pela cintura,
Levar-te numa valsa para o mar,
Tanger a lira esconsa com bravura
Os grandes vagalhões despedaçar.
Beijar as tuas mãos com uma terna
Paixão que nenhum deus vai reprovar!
.
Francisco Settineri.
sexta-feira, 12 de junho de 2020
NAMORADA
que eu buscava em cada estrada
e cheia de pleno encanto
ela fez, durante este enquanto
fez-se a cada vez amada!
seu amor, realizada
arte que somente eu canto
e cheia de claro encanto
fez-se a vez e a voz alada
mas é por isso, querida
que trilhamos nesta armada
és amor e camarada
nutrição da minha vida
toda pra ti consagrada
lira pra sempre ferida!
.
Francisco Settineri.
quinta-feira, 11 de junho de 2020
ESPLÊNDIDA
Nua, como a lua, a mulher resplende.
Nunca houve nada como o teu calor,
Nada que provocasse um desamor...
E o teu corpo, no teu leito, defende
Aquilo que o teu coração despende
Das artes marciais do teu amor,
Que já me tornam um imperador,
Pobre louco vadio que compreende
Que um mundo novo que se agita
Me tornará um regente muito forte,
Que vai te proteger, menina aflita.
Porque tu sabes que eu não temo a morte
Eu tenho medo da pior desdita,
Que é não viver contigo a boa sorte!
.
Francisco Settineri.
EPIGRAMA A BOZÓ
tu escolheste o pior caminho
de tudo o que havia aqui
além disso, tu és mesquinho
em dó, ré, mi, fá, sol, lá, si
Não sei o quanto tu conquistas
Nipo-nazi-integral-fascista
.
Francisco Settineri.
ROSA INFANTE
em cada canto
te encontro
e a cada falta
me falto
teu salto dez
peralta
menina me arrepia
e eu canto
a teus pés
a dor é tanta
que encanto
serpentes,
quem diria?
o que fizeste,
menina,
me ressalta
e o teu sorriso
me assalta
tua distância
me asfalta
Francisco Settineri.
quarta-feira, 10 de junho de 2020
ATLÂNTICA
Não deixes conter no rosto o teu amar,
A lucidez da alegria é sempre infinda,
O sal em tua lágrima vem do mar.
Mesmo que o tolo desdenhe o teu olhar,
Tua íris, menina, continua linda.
Não deixes de conter no rosto o teu amar.
Esse frouxo, que é incapaz de te inspirar
A poesia, tropeça na berlinda
E o sal em tua lágrima vem do mar...
Mas o néscio, ao acabar de desabar
Nesse buraco negro da noite finda,
Não deixa conter no rosto o teu amar.
Pois nada no mundo viria a domar
O fragor destas ondas em sua vinda,
O sal em tua lágrima vem do mar.
E assim, morena, teu colo a embalar
Minha cabeça, das trevas oriunda,
Não deixes conter no rosto o teu amar,
O sal da tua lágrima vem do mar!
.
Francisco Settineri.
terça-feira, 9 de junho de 2020
SOLIDÃO
A lua é lua
triste
a lua é morta
janela do olhar
amarga sina
Tem brilho
em seu olhar
e o medo
que se esconde
atrás da porta
.
Francisco Settineri.
segunda-feira, 8 de junho de 2020
MENINA MORENA
A coroada de rosas
Já ficou muito faceira
Amor, pela vez primeira
Que me deixa todo prosa!
Mas, menina, as tuas rosas
Elas são pra vida inteira
São um tiro bem certeiro
Numa alma tão gloriosa
Que o Cupido acertara
Com sua seta nutriz
E com a dor tu gritara
Mas com um terno matiz
E que também celebrara
O teu poeta aprendiz!
.
Francisco Settineri
domingo, 7 de junho de 2020
COROAR-TE DE ROSAS
BELA MENINA
Volta, menina, da montanha de dor
E vem celebrar tua grande vontade
Sem perder por um segundo a amizade
E viver séria, nos mistérios do amor.
Sejas tu mesma, destemido esplendor
Sem deixares, nem perderes majestade
Mantendo contigo as tuas qualidades
Sem mais nada que não seja um amador.
Por último, eu sei, será o cumprimento
por escapares do sestro encantador
Isso será para ti o sacramento
Que não irá nunca tirar-te do ardor
E quero, sem nenhuma dó, nem lamento
Retomar-te, em destemido esplendor!
VITORIANA
Te retomar, em destemido esplendor
É tudo o que eu te ofereço, menina
Viver em cândida paz o amor ensina
Volta pra mim sem mais nada e sem pudor.
Das tuas dúvidas serei domador
Do que eu ainda não sei a arte ensina
E a tua alma, formosa e feminina
Vai-se alimentar do alto da colina
Dos meus versos, em aguerrido e tremendo
Furor, que da lira fere a tua retina
Nessas lágrimas as faces escorrendo
Formarão um templo novo que extermina
Tudo aquilo que não passa de horrendo
A fazer nascer nova flor cristalina!
PÉ ANTE PÉ
A fazer nascer nova flor cristalina,
Mas o que ela mais quererá em sua vida
Nunca será mais uma flor indevida
Que se submete ao querer de uma menina.
Pois amor primeiro é amor que a ensina
Que nada no mundo a teria perdida
E nada a poesia desfalecida,
A figura feminina na neblina...
Pois se tu, menina, soubesses o quanto,
Quanto eu queria te ver, pé ante pé,
Acenderes minha pobre chaminé
Eu de pronto te veria sem teu manto,
Com seus cabelos cheirando a aloé,
Beberia todas águas do teu pranto!
MENINA EM FLOR
Beberia todas águas do teu pranto
E os teus olhos, da cor da maravilha
Mas ornado o teu colo de gargantilha
Brilham mais que a canção do acalanto
As tuas mãos, que me provocam claro espanto
Me convocam a seguir por essa trilha,
A lira me convoca a fazer a pilha
Mas de versos a sonhar neste meu canto.
És bela como estela na minha tela,
Mas a luz que te secunda é a semente
A que faz com que eu delire impenitente
E que faz com que eu te espere na janela.
Mas as noites em que sonho com a donzela;
Menina-flor, como eu sou impertinente!
QUERO TE SABER
Menina flor, como sou impertinente,
Me deixas tão encantado com tua luz
E a candura com que ela assim traduz
A deixar que me sinta, enfim, demente.
Nada que seja, precipitadamente,
Duro como aço, mas que me introduz
Na candura que ela assim traduz,
A tua alma, que assim não desmente
A minha voracidade de aprendiz.
Não há nada de verdadeira tolice
No que acompanhar até à velhice,
Não há nada neste mundo que o desdiz.
A saudade que eu tenho da meninice
É da menina bela que eu sempre quis!
CERÂMICA
É da menina bela, que eu sempre quis,
O meu coração cheio de cicatrizes,
De outras batalhas, às vezes felizes,
Porém nunca desprovidas de verniz.
Eu sempre serei, prometo, um aprendiz.
O meu coração, cheio de cicatrizes,
Afasta o burguês que mastiga perdizes
E deixa no meu peito um traço feliz.
Feliz por sempre e sempre encontrar donzela
Que é, pras minhas feridas, o balsâmico,
Entre todas as meninas a mais bela...
E que torna os meus versos o mais dinâmico
Manancial que aos borbotões preenche a tela
Onde pinto a tua pele em tom cerâmico!
EU QUERO
Onde pinto a tua pele em tom cerâmico,
Para realçar os graus da tua alvura
Esboço os tons de branco que porventura
Deverão secar no rosto o panorâmico.
Eu nunca serei um reles poligâmico,
Tratar-te-ei sempre com muita ternura,
Mas esta há de ser a enorme ventura
Abraçar-te num enlace monogâmico.
Tu serás sempre pra mim a Majestade
Meu clarim, meu cetim e o já escrito
Clamas por inteiro, e não pela metade
E pretendes que eu seja irrestrito.
Queres ficar, menina, na qualidade
De um poeta que te ame ao infinito!
DA MENINA OS BEIJOS
De um poeta que te ame ao infinito
Só podes esperar, pois, que te comova
Ate às lágrimas que te escorrem, novas
Representantes de um olhar já aflito
E que beirem a liturgia de um rito
Que se renova, até á beira da alcova
Onde eu receberia tremenda sova
De gritos, olhares, beijos, eruditos
Sinais de que o amor não terminará,
Desde que os deuses assim o estipulem.
Mas, menina, os deuses que não o decidam
Nada, mas nada disso acontecerá
Nada impedirá que dois seres se amem
Pouco empecilho haverá se os dois recitam!
O CASTELO
Pouco empecilho haverá, se os dois recitam
Entre si os famosos poemas belos,
Enquanto eu corro a mão pelos cabelos
E os corvos invejosos já crocitam!
Olho para tuas mãos que já celebram
Nosso canto como manto tão singelo
E jamais terei uma outra, em meu castelo,
Os lacaios que estão perto se afugentam.
Pois é teu, somente teu, o meu castelo
E as agruras que passei já afastadas.
As flores que plantei já estão amarelas,
E afasto o olho grande com o cutelo.
O beijo dessa menina é sempre anelo
E eu pinto com minhas mãos a vera tela!
MENINA AQUARELA
Eu pinto, com minhas mãos, a vera tela
Essa tela que se esmera em contracanto.
Para os olhos da tola, isso é um espanto,
Contra isso todo néscio se rebela...
A inveja torna-te ainda mais bela,
Isto para mim ainda é sacrossanto
Que também não se desfaz com um quebranto,,
Pintada ao sol, feito uma aquarela!
Tua pele é tão branca como um marfim
Gosto quando tu te desfazes em risos.
Teremos, ambos, o cheiro do alecrim.
Não nos importaremos com os sorrisos
Teremos também o cheiro do jasmim,
Seremos ambos faltos de prejuízos!
OLHAR QUE ME FASCINA
Seremos ambos faltos de prejuízo
Se nos afastarmos da iniquidade,
Não seremos mais do que celebridades,
Se nos mantivermos perto do juízo.
Se cair no mundo o peso de um granizo,
Precisaremos de solidariedade;
Se tivermos todos a sagacidade,
O indeciso, improviso, preciso...
Quando tiver nas mãos a minha menina,
Cuidarei do seu corpo, cada pedaço.
Ouço em tua voz uma vez feminina,
Em cada tom de luz e em cada traço.
E se tomas os cabelos em um maço,
Inda mais bela, o teu olhar me fascina!
FASCÍNIO
Inda mais bela, o teu olhar me fascina,
Me convida a passear no meu jardim.
Quando nós dois cansarmos, eu sei, no fim,
Iremos então voltar, minha menina.
Mas os teus segredos, tu vais e me ensina,
numa mesma e bela charla, num sem-fim
De carícias e juras de amor, enfim,
Eu vidrado na tua íris cristalina.
Pois que o meu amor por ti, minha morena,
Fará com que o coração fique partido,
É também o meu castigo e minha pena.
Porém, assim eu fico desiludido
Ao olhar, minha menina, pra serena
Emoção que já me tem desfalecido.
VELAS AO VENTO
Emoção que já me tem desfalecido,
Ta dou, porque também creio que mereço
E também porque a prenda que te ofereço
Era minha, desde que fui concebido.
Meu amor, que já é de muitos conhecido
É sempre teu, na partida e no regresso,
Porém, se um dia alguma coisa eu te peço,
É o teu olhar, que me deixa aturdido!
As tuas mãos, que se estendem como a vela,
Abrem-se como se estivessem no mar
E tua voz, como tudo o que se revela
Volta-se às ondas, como que a cantar
Os belos e fortes piratas helenos,
Eles se lançam, sim, sem titubear!
IMENSIDÃO
Eles se lançam, sim, sem titubear,
Eles nunca têm medo das altas ondas
E se utilizam das ricas, velhas sondas
Pra que possam navegar em pleno mar.
Também gosto de entrar no alto mar
E lançar meu molinete pelas ondas,
Olhar o horizonte e ver as redondas
Linhas sem fim, ao infinito confiar...
Olho a imensidão, e a imensidão me olha.
Assim, os teus olhos são a imensidão.
Vai nas alturas imponente condor,
Animo outra vez a rosa que desfolha,
Adiando, afinal, a exoneração:
Volta, menina, da montanha de dor!
.
Francisco Settineri.
IMENSIDÃO
Eles se lançam, sim, sem titubear,
Eles nunca têm medo das altas ondas
E se utilizam das ricas, velhas sondas
Pra que possam navegar em pleno mar.
Também gosto de entrar no alto mar
E lançar meu molinete pelas ondas,
Olhar o horizonte e ver as redondas
Linhas sem fim, ao infinito confiar...
Olho a imensidão, e a imensidão me olha.
Assim, os teus olhos são a imensidão.
Vai nas alturas imponente condor,
Animo outra vez a rosa que desfolha,
Adiando, afinal, a exoneração:
Volta, menina, da montanha de dor!
.
Francisco Settineri.
VELAS AO VENTO
Emoção que já me tem desfalecido,
Ta dou, porque também creio que mereço
E também porque a prenda que te ofereço
Era minha, desde que fui concebido.
Meu amor, que já é de muitos conhecido
É sempre teu, na partida e no regresso,
Porém, se um dia alguma coisa eu te peço,
É o teu olhar, que me deixa aturdido!
As tuas mãos, que se estendem como a vela,
Abrem-se como se estivessem no mar
E tua voz, como tudo o que se revela
Volta-se às ondas, como que a cantar
Os belos e fortes piratas helenos,
Eles se lançam, sim, sem titubear!
.
Francisco Settineri.
sábado, 6 de junho de 2020
FASCÍNIO
Inda mais bela, o teu olhar me fascina,
Me convida a passear no meu jardim.
Quando nós dois cansarmos, eu sei, no fim,
Iremos então voltar, minha menina.
Mas os teus segredos, tu vais e me ensina,
numa mesma e bela charla, num sem-fim
De carícias e juras de amor, enfim,
Eu vidrado na tua íris cristalina.
Pois que o meu amor por ti, minha morena,
Fará com que o coração fique partido,
É também o meu castigo e minha pena.
Porém, assim eu fico desiludido
Ao olhar, minha menina, pra serena
Emoção que já me tem desfalecido.
.
Francisco Settineri.
OLHAR QUE ME FASCINA
Seremos ambos faltos de prejuízo
Se nos afastarmos da iniquidade,
Não seremos mais do que celebridades,
Se nos mantivermos perto do juízo.
Se cair no mundo o peso de um granizo,
Precisaremos de solidariedade;
Se tivermos todos a sagacidade,
O indeciso, improviso, preciso...
Quando tiver nas mãos a minha menina,
Cuidarei do seu corpo, cada pedaço.
Ouço em tua voz uma vez feminina,
Em cada tom de luz e em cada traço.
E se tomas os cabelos em um maço,
Inda mais bela, o teu olhar me fascina!
.
Francisco Settineri.
sexta-feira, 5 de junho de 2020
MENINA AQUARELA
Eu pinto, com minhas mãos, a vera tela
Essa tela que se esmera em contracanto.
Para os olhos da tola, isso é um espanto,
Contra isso todo néscio se rebela...
A inveja torna-te ainda mais bela,
Isto para mim ainda é sacrossanto
Que também não se desfaz com um quebranto,,
Pintada ao sol, feito uma aquarela!
Tua pele é tão branca como um marfim
Gosto quando tu te desfazes em risos.
Teremos, ambos, o cheiro do alecrim.
Não nos importaremos com os sorrisos
Teremos também o cheiro do jasmim,
Seremos ambos faltos de prejuízos!
.
Francisco Settineri.
O CASTELO
Pouco empecilho haverá, se os dois recitam
Entre si os famosos poemas belos,
Enquanto eu corro a mão pelos cabelos
E os corvos invejosos já crocitam!
Olho para tuas mãos que já celebram
Nosso canto como manto tão singelo
E jamais terei uma outra, em meu castelo,
Os lacaios que estão perto se afugentam.
Pois é teu, somente teu, o meu castelo
E as agruras que passei já afastadas.
As flores que plantei já estão amarelas,
E afasto o olho grande com o cutelo.
O beijo dessa menina é sempre anelo
E eu pinto com minhas mãos a vera tela!
.
Francisco Settineri.
DA MENINA OS BEIJOS
De um poeta que te ame ao infinito
Só podes esperar, pois, que te comova
Ate às lágrimas que te escorrem, novas
Representantes de um olhar já aflito
E que beirem a liturgia de um rito
Que se renova, até á beira da alcova
Onde eu receberia tremenda sova
De gritos, olhares, beijos, eruditos
Sinais de que o amor não terminará,
Desde que os deuses assim o estipulem.
Mas, menina, os deuses que não o decidam
Nada, mas nada disso acontecerá
Nada impedirá que dois seres se amem
Pouco empecilho haverá se os dois recitam!
.
Francisco Settineri.
EU QUERO
Onde pinto a tua pele em tom cerâmico,
Para realçar os graus da tua alvura
Esboço os tons de branco que porventura
Deverão secar no rosto o panorâmico.
Eu nunca serei um reles poligâmico,
Tratar-te-ei sempre com muita ternura,
Mas esta há de ser a enorme ventura
Abraçar-te num enlace monogâmico.
Tu serás sempre pra mim a Majestade
Meu clarim, meu cetim e o já escrito
Clamas por inteiro, e não pela metade
E pretendes que eu seja irrestrito.
Queres ficar, menina, na qualidade
De um poeta que te ame ao infinito!
.
Francisco Settineri.
Cerâmica
É da menina bela, que eu sempre quis,
O meu coração cheio de cicatrizes,
De outras batalhas, às vezes felizes,
Porém nunca desprovidas de verniz.
Eu sempre serei, prometo, um aprendiz.
O meu coração, cheio de cicatrizes,
Afasta o burguês que mastiga perdizes
E deixa no meu peito um traço feliz.
Feliz por sempre e sempre encontrar donzela
Que é, pras minhas feridas, o balsâmico,
Entre todas as meninas a mais bela...
E que torna os meus versos o mais dinâmico
Manancial que aos borbotões preenche a tela
Onde pinto a tua pele em tom cerâmico!
.
Francisco Settineri.
quinta-feira, 4 de junho de 2020
QUERO TE SABER
Menina flor, como sou impertinente,
Me deixas tão encantado com tua luz
E a candura com que ela assim traduz
A deixar que me sinta, enfim, demente.
Nada que seja, precipitadamente,
Duro como aço, mas que me introduz
Na candura que ela assim traduz,
A tua alma, que assim não desmente
A minha voracidade de aprendiz.
Não há nada de verdadeira tolice
No que acompanhar até à velhice,
Não há nada neste mundo que o desdiz.
A saudade que eu tenho da meninice
É da menina bela que eu sempre quis!
.
Francisco Settineri.
MENINA EM FLOR
Beberia todas águas do teu pranto
E os teus olhos, da cor da maravilha
Mas ornado o teu colo de gargantilha
Brilham mais que a canção do acalanto
As tuas mãos, que me provocam claro espanto
Me convocam a seguir por essa trilha,
A lira me convoca a fazer a pilha
Mas de versos a sonhar neste meu canto.
És bela como estela na minha tela,
Mas a luz que te secunda é a semente
A que faz com que eu delire impenitente
E que faz com que eu te espere na janela.
Mas as noites em que sonho com a donzela;
Menina-flor, como eu sou impertinente!
.
Francisco Settineri.
Pé ante pé
A fazer nascer nova flor cristalina,
Mas o que ela mais quererá em sua vida
Nunca será mais uma flor indevida
Que se submete ao querer de uma menina.
Pois amor primeiro é amor que a ensina
Que nada no mundo a teria perdida
E nada a poesia desfalecida,
A figura feminina na neblina...
Pois se tu, menina, soubesses o quanto,
Quanto eu queria te ver, pé ante pé,
Acenderes minha pobre chaminé
Eu de pronto te veria sem teu manto,
Com seus cabelos cheirando a aloé,
Beberia todas águas do teu pranto!
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Francisco Settineri.
quarta-feira, 3 de junho de 2020
VITORIANA
Te retomar, em destemido esplendor
É tudo o que eu te ofereço, menina
Viver em cândida paz o amor ensina
Volta pra mim sem mais nada e sem pudor.
Das tuas dúvidas serei domador
Do que eu ainda não sei a arte ensina
E a tua alma, formosa e feminina
Vai-se alimentar do alto da colina
Dos meus versos, em aguerrido e tremendo
Furor, que da lira fere a tua retina
Nessas lágrimas as faces escorrendo
Formarão um templo novo que extermina
Tudo aquilo que não passa de horrendo
A fazer nascer nova flor cristalina!
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Francisco Settineri.
terça-feira, 2 de junho de 2020
BELA MENINA
Volta, menina, da montanha de dor
E vem celebrar tua grande vontade
Sem perder por um segundo a amizade
E viver séria, nos mistérios do amor.
Sejas tu mesma, destemido esplendor
Sem deixares, nem perderes majestade
Mantendo contigo as tuas qualidades
Sem mais nada que não seja um amador
Por último, eu sei, será o cumprimento
por escapares do sestro encantador
Isso será para ti o sacramento
Que não irá nunca tirar-te do ardor
E quero, sem nenhuma dó, nem lamento
Retomar-te, em destemido esplendor!
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Francisco Settineri.
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