sexta-feira, 7 de junho de 2013

Lúgubre



O que era belo hoje só causa medo
Que no teu canto preludiou o grito,
Partem-se crânios contra este rochedo
Pululam vermes em tremendo rito.

Movem-se ainda as mãos no arremedo
Do que da boca não vai mais ser dito,
Do vivo ao morto já não há segredo
Terror que espalha-se no céu aflito.

Essa lembrança em célere teatro
Num barco podre que afundou no cais
É o que me resta, mais sinistro e atro,

Horrenda chaga a esgravatar demais...
Então rastejo e vejo o magro espectro
Do velho corvo a repetir - Não mais!


Francisco Settineri.

Um comentário:

Dulce disse...

E quando o soneto deixa o sentimento de ter tudo sentido menos o que seria preciso...
Excelente, Francisco!

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