terça-feira, 6 de novembro de 2012

Reflexos




Sinto a falta das manhãs no abandono
Das palavras sussurradas tão sem jeito
No que cala esse meu canto tão desfeito
O meu verso insatisfeito não tem dono.

Pois se o dom da ilusão não era o sono
Para ter o desenlace assim perfeito
Hoje o que restou nas dobras deste leito
Tem o grave olhar sombrio do mesmo outono...

A vigília sorve o sonho e no relento
A esperar da noite o mesmo e velho abraço,
É tocaia tensa e não se move ao vento,

Artilheiro vil da sombra e do cansaço:
Brilha triste ao surdo e cavo movimento
A solene estrela num silêncio baço!


Francisco Settineri.

Um comentário:

Dulce disse...

Francisco, achei tão triste... mas tão belo!
Gosto imenso de ler a sua poesia.
É sempre uma viagem através das emoções.

O SOM DO SILÊNCIO

.   Fim da tarde, o sol se esconde, E, por fim, a lava escorre Deste Etna que não morre, E que vai não sabe onde... . O fogo parece fronde. ...