segunda-feira, 11 de novembro de 2013

No teu silêncio, as luzes



Porque tão tarde, meu amor, bates à porta?
Que som sem eco paralisa ineptas as dores da alma?
Que mãos de fêmea fecham as janelas, na alegria farta?
Que som terá a voz nascente nos ouvidos, na falta?
O carinho é dádiva em um mundo sem dragões.
Vieram monstros, vieram soldados a me prender o corpo. 
Mas nada nesta praia me atira aos escolhos e ao campo das solidões
Porque tenho em mim tuas mãos, tua pele, o fruto, o carpo! 
E a lembrança lancinante das madrugadas primitivas e felizes...
E a cor de todas as primaveras, em seus cerúleos matizes 
Onde nenhuma dor a mais, por mais que fira, me alcança. 
Contigo, enfim, longe da lâmina, aguda, da lança!

Francisco Settineri.

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