terça-feira, 6 de maio de 2014

O doce amor que a ti eu devotei




Que o doce amor que a ti eu devotei
Embora tenha sido atormentado
Talvez não tenha sido bom soldado
Mas impeliu-me à guerra como lei!

Brilhou-me com seu estro peregrino
Insurge-se a abalar-se na fraqueza
Recobra-se das cinzas à nobreza
E canta em alvo leito um belo hino!

Mas vejam! Vejam bem! Eu mesmo estive!
Estive a ultrapassar tantas fronteiras
E fui a navegar a noite inteira
Um mastro a naufragar até o Estige!

Pra ver de tanto amor que mais importa
Se a boca que me beija em seu sudário
Se o toque que faltou em meu diário
Se a mão que não bateu em minha porta.

Anima-se nas sombras a canalha! -
Eu sempre quis de ti ser grande rei 
Que o doce amor que eu sempre devotei
Te sirva, nesta hora, de mortalha!


Francisco Settineri.

Nenhum comentário:

O SOM DO SILÊNCIO

.   Fim da tarde, o sol se esconde, E, por fim, a lava escorre Deste Etna que não morre, E que vai não sabe onde... . O fogo parece fronde. ...